Ainda me lembro do dia em que dissemos adeus um ao outro. Pela primeira vez em algum tempo não quis continuar a discutir contigo, a ideia de te dizer algo só para te magoar também desapareceu, tal como a tensão que era causada nos meus músculos por causa da raiva. Sabíamos que a partir desse dia tudo seria diferente. Pelo menos eu esperava que fosse.
A verdade é que nós até nos entendíamos. Mesmo que alguém se tivesse de desculpar e acabássemos a falar em ir comer sushi. As coisas não foram assim durante muito tempo, mas foi um suficiente. E mesmo que nunca tenha voado nenhum vazo na direção do outro, não era saudável. Talvez o caos fosse o que nos mantivesse juntos e naquele dia não o houve.
Fiz das tripas coração para não chorar enquanto nos despedíamos e para não gritar para que ficasses. Tinha de te deixar ir. Precisava de me libertar de nós. Tu podias nem saber, mas a verdade é que me sufocavas. Hoje fico feliz por nenhum de nós ter voltado atrás. Mesmo achando que talvez um dia, quando fossemos mais maturos, nos reencontraríamos. Aquele era o fim. O nosso fim.
E admito que quando foste embora parte do meu dia ficou vazio. Perdi as nossas conversas, as tuas piadas de velho e as chamadas às quatro da manhã... E tudo o que restou para substituir esse vazio fui eu mesma. E mais uma vez a vida mostrou me que sim: acabar com alguém dói e dói muito, mas não nos mata.
Depois de ti, probleminha, conheci novos restaurantes, novos tipos de sushi e novos vinhos. Comecei a fazer coisas que há muito queria fazer, mudei os móveis e quase pintei as paredes do quarto. Mas nem tudo mudou, continuo a gostar do mesmo tipo de café e a colorir o cabelo de preto. Não renovei o meu guarda roupa, como todas as comédias românticas sugerem fazer nestas alturas. E, mais importante, voltei a apaixonar-me. Por mim mesma. E esse amor curou todos os pedacinhos que deixaste no meu coração.
Assim sendo, depois de tudo, o que quero dizer te é obrigada. Obrigada por teres feito parte de mim e obrigada por teres deixado de fazer.
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