SE EU FOSSE ARABELLA | Sou escorpiana


Dizem que não tiro as mãos de mim mesma... Que toco nas pernas e nos lábios sem precisar de uma boa pose ou de fechar as pernas. Dizem eles que não preciso de uma silhueta comportada nem nada disso... Que sei que não preciso de obedecer velhas convenções sociais que contrariam quem eu sou, quem realmente sou... Que não me importo que falem porque sei que estou certa. E por isso, o diabo que vos carregue, meus queridos, se tentaram dizer o contrário. Geralmente, só se lembram do quanto eu queimo, como suo nos vossos lençóis ou de como cravei as unhas na vossa pele... Falam tanto no vermelho que acabam por se esquecer que gosto de verde, azul, amarelo, cor de rosa... Do arco íris. Descrevem me como alguém que dispara verdades cruas, sem a mínima simpatia enquanto as palavras deixam os meus lábios. Acham que sou revoltada ou que é da minha natureza não vestir roupa nenhuma, muito menos fantasias... É como se eu te quisesse despir, deixar vulnerável, ver te além das roupas que vestes e claro, restringir o meu doce veneno ao sexo. 
E como sou boa demais, não vou cair nas tuas falinhas mansas... Acreditam que quando não dizem nada que vem de dentro eu vou me embora sem cerimónias. Levanto me e venho embora. Para mim não interessa que vivam rodeados de bogingas...

Não exibo nada que possa ser lido de primeira. Emito sinais, mas o meu código é diferente do vosso, tu não o sabes ler, não o sabes entender, não sabes nada sobre ele. A menos, claro, que eu te diga tudo, como num tiro de canhão. Dizem que vivo num oito ou num oitenta, que sou sempre um extremo. Não sei mentir quando amo, por mais que o esconda.. Vocês percebem isso porque eu não tiro as mãos do que me possui nem tiro as mãos do que já foi meu. Afinal, deixo rastos por onde passo.

No fim, segundo o que ouvi, pra mim vão restar caminhos deixados para trás e aquele que devo seguir e para ti vai restar uma maldição para o resto da vida: ou me segues pra onde eu for, ou terás perdido alguém que nunca saíra de ti...

Felizmente para mim, sou quem eu quero ser, quem eu tento e luto ser, não sou aquilo que as páginas da revista dizem a meu respeito. Nem tu és. 

Enviar um comentário

0 Comentários