SE EU FOSSE ARABELLA | Um Natal com Menos Pedidos ao Pai Natal e Mais Gratidão


Não há nenhum telemóvel novo, ou roupas, ou jóias ou qualquer outra coisa. Este natal não fiquei a espera que o pai natal fosse me deixar uma prenda debaixo da árvore. Penso que pela primeira vez na vida não quis receber nada, mas sim dar. O ano que agora está a acabar foi um ano difícil e por várias vezes pensei que não o iria aguentar. Será que alguém passou por 2019 ileso? Sem nenhum arranhão ou cicatriz profunda? 

Sabes quando temos um peso sobre os ombros que parece ser insuportável? Aquele que nos dá vontade de nos deitarmos em posição fetal para só sermos acordados quando tudo tiver passado? 2019 foi assim para mim. E talvez para ti. Talvez para os meus vizinhos. Talvez para os teus pais. Certamente foi assim para muita gente. Vive grande parte do ano com a sensação de que o mesmo não passava de um pesadelo, daqueles que nos assustam por parecerem reais, mas que felizmente, no dia seguinte quando acordamos notamos que tudo está novamente no lugar. Foram doze meses a pedir para acordar. E não foi capaz de acordar.

          E no meio disso tudo eu fico grata porque agora consigo ver que Ele esteve comigo, em todos os segundos, em todas as minhas crises de choro, nos momentos de ansiedade, quando eu mesma perdi a esperança e pensei que mais nada daria certo. Ele ficou comigo quando já nem eu queria a minha companhia. O peso foi grande sim, a minha coluna, coitada, dói até agora e talvez eu precise de muita mais do que uma massagem para que ela possa ela passar, mas eu não estive sozinha. Nunca. Ele esteve aqui e continua ao meu lado. Eu não sabia que ia aguentar tantos altos e baixos, que seria capaz de enfrentar tantas curvas. Muito menos sabia que conseguia ser tão forte. Mas Ele nunca duvidou de mim. Nem por um segundo. Só Ele sabe o quanto nós somos capazes de carregar e aguentar. O quanto somos capazes. O quanto podemos. E se Ele nos dá um fardo, a gente carrega, não questiona, não desiste. Eu carreguei o meu e talvez ainda existam outros pra carregar. Talvez o teu fardo seu ainda esteja pesado e tu sem forças, mas continua, insiste, persiste, segue em frente. Ele está contigo, da mesma forma que esteve comigo.

          Eu não fiz nada de errado. Nem tu! Dois mil e dezassete não foi um castigo. Eu só precisava passar por alguns desafios, só tinha de aprender passando pelas coisas na minha própria pele. Mas está tudo bem. Eu caí, levantei me, cai, levantei me, cai, levantei me e agora estou de pé, de novo, e se eu cair vou continuar a levantar me, não importa quantos tombos sejam. E se me faltar força, Ele ajuda me. Ele dá me. E eu agradeço. Seja na dor, seja na vitória. Agradeço de coração porque ele faz o melhor por nós, mesmo quando o melhor não nos agrada. Se hoje não está assim tão bom, amanhã melhora, e assim segue a vida. Então, neste natal, não há nada que eu queira. Já ganhei muita coisa este ano. Sério. Ganhei garra, ganhei gente que lutou por mim e comigo, ganhei boas memórias, ganhei ensinamento e ganhei muita, muita, muita Fé. Obrigada Deus. Obrigada meu Pai. Obrigada por me acolheres como tua filha e cuidares de mim até nos dias em que eu fui ingrata e não quis. Neste natal, o meu maior presente foi ter a certeza de que sempre Estarás aqui.
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kill them with kindness
Ana Cristina Cartaxo 

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