SE EU FOSSE ARABELLA | Uma Carta Aberta aos Meus Amigos da Faculdade


A faculdade é uma época louca das nossas vidas. Ao mesmo tempo que andamos sempre stressados e usamos a maior parte do nosso tempo a estudar ou ansiosos por causa dos trabalhos que parecem nunca mais acabar é também a altura em que mais descobrimos sobre nós mesmos e o mundo a nossa volta. Ou pelo menos comigo foi assim. Mas, agora que tudo o que me falta para dizer que sou licenciada é terminar o meu estágio eu posso dizer com todas as letras que as pessoas realmente tem razão quando dizem que os amigos que fazemos na universidade serão para sempre uma grande parte das nossas vidas. E por mais que eu odeie clichés senti dentro de mim a urgente necessidade de escrever este artigo em dedicação aqueles que me apoiaram nos últimos três anos, sem os quais eu não tenho a menor duvida que não teria sobrevivido a licenciatura. Uns chegaram mais cedo do que outros, uns gostavam mais de abraços e outros mais de me chamar Tacho [uma piada em referência ao meu último nome: Cartaxo] mas todos foram especiais. Todos. Principalmente o meu Iryneu, a minha Joanhinha e o meu Joãozinho. E um obrigada é pouco perante tudo o que vocês já fizeram por mim.

Podem até nem acreditar, mais isto é algo que já a muito tempo queria escrever, queria reconhecer a importância que vocês têm na minha vida e o quanto vos amo, mas vocês conhecem-me. Sabem bem que sou o tipo de pessoa que fica a empurrar tudo com a barriga e só faz as coisas mesmo quando já não pode continuar a ignorar que elas ainda não estão feitas. Tal como sei que vocês não gostam muito de ler textos longos ou de quando sou muito sentimental, mas a verdade é que tenho tanto para vos dizer [e demasiado medo de não encontrar as palavras certas para vos fazer justiça] que peço que tenham paciência e leiam isto até ao fim.


Em primeiro lugar, e porque nunca é demais repeti lo quero voltar a frisar que foram vocês que me enxugaram as lágrimas e me fizeram ver que algo bom estava para vir, mesmo quando eu não o consegui ver. Foram vocês que me amaram e protegeram quando eu não fui capaz. Nunca me deixaram brindar sozinha, tal como não me deixavam a rir ou a chorar sozinha. E o mais importante: foram vocês que seguraram e minha mãe e decidiram caminhar ao meu lado. E se, infelizmente, a vida nos separar eu só espero que nunca se esqueçam das gargalhadas que de-mos com 20 e poucos anos.

A verdade é que agora, quando olho para trás e me recordo dos momentos em que olhava a volta e vos via bem a minha frente eu não conseguia reconhecer que tudo aquilo era temporário. Que as nossas vidas não seriam para sempre como eram. Em alguns anos as nossas vidas certamente estarão a levar nos em direcções opostas, quando tivermos de seguir os nossos próprios caminhos [seja porque estaremos a começar as nossas famílias, a viajar pelo mundo, a mudar de cidade; não interessa] and it just fucking broke my heart... E sei lá, sinto que não vos apreciei o quão devia, que não aproveitei todos os momentos, que não agradeci o suficiente e que não deixei claro o suficiente o quão vos amo.

Ainda não encontrei as palavras certas para me despedir de vocês, porque mesmo que este percurso esteja a chegar ao fim não acredito que seja, realmente, um adeus, pelo menos não de vocês. Por isso, não me vou despedir, mas quero que saibam que mesmo que amanhã possamos estar a milhares de quilómetros de  distâncias, espalhados um pouco por todo o lado, eu ainda irei atender quando ligarem. E vou para sempre amor vos como se fossem da família. Porque a verdade é isso que vocês são. You guys are my own ohana and ohana means family and family means nobody gets left behind or forgotten


Obrigada por sempre me terem aceite como sou. Obrigada por me terem amado quando eu mais precisei. Obrigada por nunca me terem virado as coisas. Obrigada por todas as idas ao sushi. Obrigada por todas as vezes que me deram uma casa onde dormir. Obrigada por todas as bebedeiras. Obrigada por me enviarem fotos do Leonardo Dicaprio que viram nas redes sociais e se lembraram de mim. Obrigada por todas identificações em memes. Obrigada pelas nossas piadas internas que só nos intendemos. Obrigada por todos os intervalos sentados nas escadas a falar de coisas que não importaram realmente. Obrigada por sempre estarem dispostos em alinhar nas minhas maluquices. Obrigada por nunca me deixarem sozinha a festejar. Obrigada por me emprestarem roupa quando eu precisei mais do que tudo. Obrigada por todas as vossas palavras amáveis, pelos vossos conselhos e incentivos. Obrigada por me terem feito uma pessoa melhor e uma melhor amiga. Obrigada por me ensinarem. Obrigada por serem tão, ou mais, loucos como eu. Obrigada por me terem empurrado a ir mais longe do que eu jamais pode imaginar. Obrigada por terem sido tão compreensivos comigo [principalmente durante os meus mil e quinhentos mental breakdowns]. Obrigada por serem a "minha pessoa"... E obrigada por terem estado lá todos os dias.


O último obrigada é o mais especial de todos, pois é para o meu afilhado. O meu próprio McDreamy. Sabes bem que foste a maior prenda que a universidade me deu, mesmo que tenhas chegado late to this party, não trocava o ano que vivemos ao lado um do outro nem por mil Leonardos DiCaprios. Nem tão pouco penso ir a lado nenhum. A minha jornada na universidade até pode estar perto do fim, mas a tua ainda mal começou e eu faço questão de caminhar ao teu lado durante este percurso maluco. Foi contigo que eu aprendi o que é amar um afilhado e o que é querer ver alguém ir sempre mais além e a ter muito mais sucesso do que eu. És, e para sempre serás, o meu afilhado. O melhor de todos.

A amizade que fomos criando é realmente especial, forte e única. Para sempre irei sentir-me sortuda por ter tido amigos tão incríveis que pintaram a minha jornada pela universidade com todas as cores do arco-íris. E acreditem ou não, as memórias que fomos construindo ao longo dos últimos anos não são tudo aquilo que temos; elas são apenas o começo.

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