MORENO | Oh Loirinho



Olá loiro, como é que tu vais?

Faz algum tempo que eu não te escrevo, eu sei, mas é que estão a ser raras as cartas que chegam ao final, cada dia fica mais difícil de te escrever. E de escrever sobre ti, também. Mas tudo bem, loiro, no fundo não é assim tão mau, é só um sinal de eu estou a crescer, de verdade. A minha vida ganhou outras inspirações, assim, desse jeito, no plural, e eu fui uma delas. Notas o quanto de amor próprio transborda das linhas que escrevo? Não sei se me lês, loiro, nem quero saber. Nunca quis saber, mas é outra das coisas que não me importa.
Um dia destes fui fazer café, a casa estava quieta demais e eu quis ouvir música, coloquei uma playlist antiga que tinha guardado no computado, desde que descobri o Spotify não a ouço, então tocou aquela músicas. Alguns tempos atrás isso teria sido um murro no meu estômago, faria me largar tudo e chorar até ao fim do dia com o peito apertado, não foram poucas as noites em que molhei o meu travesseiro por ti. Naquele dia, foi só como umas cóceguinhas perto do umbigo, dessas que dão um pouco de saudades e passam rápido. Eu lembrei me de nós, loiro e nem doeu. Engraçado, não é? De repente a minha maior ferida cicatrizou e transformou se numa marquinha, que existe apenas para me lembrar que não vale a pena me dar demais para alguém que só me sabe fazer sofrer.
Depois eu fui ler alguns textos antigos, uma maneira inconscientemente masoquista de tentar recuperar a pontinha de corda que ainda me prendia a ti, e eu só consegui sentir pena de mim. Coitadinha, eu era tão iludida, loiro, e amava te tanto. Mas era tanto, tanto, tanto, que eu me pergunto me como é que eu pude gastar um sentimento tão bonito com alguém como tu? Como é que eu pude ficar cega por tanto tempo? Que desperdício me fizeste fazer, loiro. Eu perdi tantos rapazes, perdi me um pouco, também, e deixei de me jogar em muito precipício porque eu só queria se fosse com a sua mão na minha. Logo eu, que sempre gostei de queda livre.

Olhando para trás, nessa guerra de ego, ilusão e paixão, tu perdeste bem mais do que eu. As minhas armas eram de verdade, o meu jogo era limpo, já tu trapaceaste, usaste, brincaste. Talvez, nas contas mais exatas, tu até tenhas levado algumas batalhas a mais, e tudo bem, tu teres saído desta história com a sensação de vitória, mas olha para nós agora, loiro, de alguma forma eu sei que estou melhor sem ti. Como? Intuição, a mesma que sempre esfregou na minha cara que nós não íamos dar certo, e não demos. Eu queria que tivéssemos dado, de verdade, mas isso não quer dizer que eu ainda te ame, só que nós teríamos sido um casal bonito, da nossa forma, até nos dávamos bem, achei até que tínhamos uma química fora do comum, da minha parte tinha muito mais, esse foi o nosso primeiro problema, não é? Eu deixei a merda toda virar amor e tu fingiste que nada se passava. O segundo problema: tu apaixonaste te, só que não foi por mim. E eu odiei te, e odiei-a, e odiei o mundo por ser tão cruel comigo. Eu merecia muito mais, o que ela tinha feito por ti? Eu tinha tentado de tudo, não era justo acabar assim. Há gente que demora semanas para superar uma vida, eu sinto me como se eu tivesse levado uma vida. E eu estou aqui. E não quero que nós dei a mos certo. Entendes, loiro? Porque está tão difícil de te escrever; eu não tenho mais nada para te dizer, nem quero ter.
Eu engoli o nosso final e vomitei tudo o que eu sentia e ficou só uma lembrança bonita de uma história que podia ter sido a maior da minha vida, mas não foi, só ficou a saudade de um rapaz que quase foi tudo, mas quase não é nada. Nós não fomos nada, loiro, porque nós fomos quase o tempo todo. E agora nem isso me acelera mais, fazer o quê? Paciência. Todo amor acaba, hoje eu sei. Por isso vim te dizer adeus, um adeus atrasado, suado, exausto e necessário. Não que eu não te vá escrever mais, porque eu vou, mas não vai ser sobre ti, vai ser sobre quem eu queria que tu tivesses sido.
Boa sorte, que eu já a estou a ter. Pode ser que nós nos esbarremos, mas eu vou fingir que não te vi, então finge também, prefiro assim. Não é rancor, juro, nem raiva ou dor de cotovelo, eu só estou a proteger me do veneno que quase me matou. Tu.

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3 Comentários

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    1. Olá Miguel!

      Primeiro que tudo, gostava de me desculpar, acidentalmente apaguei o comentário que deixaste no post do meu blog. Confesso que com o entusiasmo ao ler as tuas palavras acabei por clicar na opção de apagar invés de responder.

      Contudo, este acidente só aconteceu depois de ler o que escreveste e realmente o que fizeram ao copiar o teu texto e não creditarem foi mau e com o comentário não queria desvalorizar isso, só mesmo chamar-te a atenção para o casa das imagens que editas e metes o logótipo do teu blog. Era uma critica construtiva e penso que percebeste isso.

      Posto isto, estou muito contente pelas tuas palavras sobre o meu blog e bem vindo a pequena família de Woah'zitos.

      Beijinhos, Ana

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  2. Olá, descobri agora o teu blog e estou adorar!
    Se puderes visita o meu :)
    Beijinhos

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