SE EU FOSSE ARABELLA | Fantasmas dos Natais Passados


Como vos contei numa das publicações da Crazy Christmas Week O Meu Conto Favorito de Todos os Tempos: A Christmas Carol← deste ano [setinhas para o artigo] a minha história favorita de natal é A Christmas Carol, de Charles Dickson. O artigo de hoje é inspirado nesse conto e no primeiro dos três fantasmas que aparece a Skrooge: o fantasma dos natais passados.

Se há coisa da qual me orgulho é da minha memória, tenho uma certa facilidade em memorizar determinadas situações e certamente sou especialista em guardar momentos para mais tarde relembrar. E vários momentos que guardo são relacionados ao Natal, por gostar tanto dele.

Uma das minhas primeiras recordações de natal é provavelmente uma das minhas favoritas. O primeiro Natal de que me lembro é também o último que os meus pais passaram casados. Nessa época eu e dois dos meus irmãos [a mais nova ainda não tinha nascido] eramos tão novos que não conseguíamos ficar acordados até a meia noite, por isso só abríamos as prendas na manhã do dia 25. Eu e a Rafael, que devíamos ter 5 e 6 anos respetivamente acordamos e fomos saltar para a cama dos nossos pais, para que eles acordassem e fossem connosco abrir as prendas. Recebemos cada um o seu nenoco e um carrinho. O mais engraçado é que com medo que estragássemos as prendas e não chegássemos realmente a brincar com elas os meus pais guardaram nas em casa do meu avô materno com a intenção de as devolverem quando fossemos um pouquinho mais velhas e soubéssemos brincar com responsabilidade. Depois a vida complicou-se, os adultos devem se ter esquecido dos brinquedos e eu e a Rafaela só os fomos a encontrar, em casa do nosso avô Dialino, quando já não nos interessávamos em brincar com bonecos.

Após o divorcio, lembro-me de esperar sempre que chegasse o Natal [e as férias de verão] porque era a altura do ano em que passava mais do que um fim de semana com a minha mãe. Apartir dos meus oitos anos os natais passaram a ser os melhores: a casa ficava sempre cheia comigo, os meus irmãos [nesta altura a minha irmã mais nova já tinha nascido] e a família do meu padrasto.  Sabem nos filmes de Natal em que famílias gigantes com membros de todas as idades se juntam à volta da mesa para comemorar o dia? Nós eramos assim nesse dia e, em parte, devo ao Natal por ter passado a ver a família do meu padrasto [a mãe dele, irmãos, sobrinhos e sei lá mais que membros] como pessoas que faziam também parte da minha família. Foi extremamente feliz nestes natais que duraram até meio da minha adolescência.

Os meus piores natais foram sem sombra de dúvida os que vieram em seguida. Quando o meu pai se divorciou da segunda esposa, eu e os meus irmãos voltamos a viver com ela. And, don’t get me wrong, até aí estava tudo bem. O lado mais agridoce da história surge porque apartir desse momento o meu pai voltou a passar a quadra connosco e, por mil e um motivos, nós não temos a melhor das relações, então passei cinco anos a rir da maior felicidade possível no dia e também a chorar por alguma coisa que por causa dessa relação tumultuosa.

O meu natal favorito de todos os tempos foi o Natal de 2017. Eu tinha 19 anos e só não estava apaixonada como a pessoa me amava de volta. Sei que pode parecer ridículo dizer isto tendo em conta o quão nova sou mas dúvidas não me restam de que eu já encontrei o amor da minha vida. Infelizmente, esse relacionamento terminou pouco depois da passagem de ano. E sim, eu sei, é ainda mais ridículo, sabendo a minha idade, acreditar que não só encontrei o amor da minha vida como ainda o perdi. Ainda assim, é algo em que eu acredito, mas não se preocupem, eu já aprendi a lidar com isso.

Os natais depois desse foram mais passados em família, sem o desejo de despachar os momentos com aqueles que mais bem me querem, para poder estar nem que fossem cinco minutinhos com a pessoa que amava só para lhe dar um beijinho e uma prenda para ele ter certeza de que pensava nele. Os meus padrinhos começaram a vir passar a consoada connosco, o que trouxe mais uma vez a sensação de casa cheia que sentia quando passava o dia na terra do meu padrasto. O meu pai, depois de voltar a encontrar o amor, voltou a deixar de estar connosco no meu dia favorito do ano. E isso tornou o ambiente extremamente mais leve pela casa.

E o dia de hoje foi passado exatamente como deveria ser e com quem mais amo: eu, os meus irmãos, a minha mãe, o meu paizinho [depois de quinze anos a conviver com o meu padrasto acabei por o passar a chamar assim] e o meu avô materno. Durante o dia vamos fazendo os últimos cozinhados para a grande noite entre intervalos de filmes natalinos [descobre os meus favoritos aqui] e somos frequentemente interrompidos pela minha avó materna que vive a meros metros de nós mas que passa a consoada na companhia do filho. E eventualmente as visitas vão chegando [no caso os meus padrinhos]. Tais como as mensagens dos meus amigos, também conhecidos pelas minhas pessoas favoritas no mundo inteiro, a desejar um bom natal que me deixam sempre com lágrimas nos olhos. What can I say? I’m a sucker for Christmas and them.
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kill them with kindness
Ana Cristina Cartaxo 

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