SE EU FOSSE ARABELLA | Por Morrer Uma Andorinha...



    Quando eu era uma jovem cachopa, uma professora de português que tive disse durante uma aula um pensamento que me marcou imenso: a ignorância é atrevida. E por Deus, como eu fui atrevida por estas bandas durante o ano que passou. 

    Num dos primeiros artigos que partilhei aqui tive a audácia de dizer "ano passado eu morri mas esse ano eu não morro" como ainda não tive vergonha nenhuma na cara quando me despedi de vocês, num outro artigo e me referi ao meu desabafo anterior afirmando que "várias merdas, confiante de que este ano daria a volta por cima e tudo ficaria bem". 

    A verdade é que sim, 2020 foi um ano extremamente difícil para todos nós, mas onde estava eu com a cabeça para invalidar tudo o que tinha passado de mal anterior apenas porque estava a viver uma nova má fase? Mas, felizmente, viver é aprender. E eu ainda tenho muito para aprender, muito mesmo. 

    Felizmente, o ano virou [e mesmo tendo total noção de que as coisas não mudam simplesmente por passarmos de 31 de dezembro para 1 de janeiro] e com o final do ano passei pelo período de reflexão e retrospetiva. E não é que no meio de tanta merda pela qual passamos por estarmos durante uma pandemia eu ainda fiz imensa coisa? Coisas enormes, que irão para sempre refletir se na minha vida.

    Caralho, eu licenciei me. Eu tirei a carta de condução. Superei um amor que não deu certo. Entrei num curso de mestrado. De acordo com o Spotify eu até descobri 233 novis artistas e 98 estilos musicais. Se no meio disso tive mais mental breakdowns do que aqueles que consigo contar? Ou se no meio disso dei por mim chorar no chão da casa de banho, nua e sem forças para me levantar e continuar a vida? Sim e sim! Mas tudo bem, eu já me mentalizei que essas são algumas das minhas primeiras reações quando entro em fases menos boas. Tempestades são precisas nas nossas vidas para que depois tenhamos como aproveitar realmente a bonança.

    2019 e 2020 foram anos foda. 2021 pode muito bem vir a sê-lo também, mas como já cantava Carlos do Carmo do Carmo: "por morrer uma andorinha sem amor, não acaba a primavera diz o povo"! Então, entre perdas, neuroses, enlaces, tentativas de colocar os meus dilemas em perspectiva, de motivos para ser grata, abraços de acolhimento e confiança naquilo que não posso ver, vinte-vinte e um, estou pronta para o que quiseres trazer.

Treat them with kindness,
Ana Cristina Cartaxo

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